ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 18-02-2004.
Aos dezoito dias do mês de fevereiro de dois mil e
quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Carlos Pestana,
Darci Campani, Ervino Besson, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Bosco
Vaz, Marcelo Danéris, Margarete Moraes, Maria Celeste, Reginaldo Pujol, Wilton
Araújo e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir
Oliboni, Almerindo Filho, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr.
Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Juarez
Pinheiro, Luiz Braz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul
Carrion, Renato Guimarães, Sebastião Melo e Valdir Caetano. Constatada a
existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À
MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Aldacir Oliboni, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 032/04 (Processo nº 0697/04); pelo Vereador Beto Moesch, os
Pedidos de Providências nos 014, 023 e 201/04 (Processos nos 0281, 0329 e
0772/04, respectivamente), os Pedidos de Informações nos 020, 021, 022, 023 e
024/04 (Processos nos 0849, 0850, 0851, 0852 e 0853/04, respectivamente), o
Projeto de Lei do Legislativo nº 017/04 (Processo nº 0122/04), o Projeto de
Resolução nº 037/04 (Processo nº 0123/04); pelo Vereador Cassiá Carpes, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 021/04 (Processo nº 0170/04); pelo Vereador
Dr. Goulart, o Projeto de Resolução nº 038/02 (Processo nº 0310/02); pelo
Vereador Haroldo de Souza, os Projetos de Resolução nos 010, 011, 016, 017, 018
e 024/04 (Processos nos 0087, 0088, 0096, 0097, 0098 e 0108/04,
respectivamente); pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Projeto de Lei do Legislativo
nº 030/04 (Processo nº 0624/04); pelo Vereador João Carlos Nedel, o Projeto de
Resolução nº 124/03 (Processo nº 7028/03); pela Vereadora Maria Celeste, os
Projetos de Resolução nos 029, 030, 033, 034 e 035/04 (Processos nos 0111,
0112, 0115, 0116 e 0117/04, respectivamente); pelo Vereador Valdir Caetano, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 033/04 (Processo nº 0773/04). Do EXPEDIENTE,
constaram os Ofícios nos 649, 650, 651, 652, 658, 664, 673, 674, 677, 678/03 e
019/04, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. A seguir, constatada a
existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e o Vereador Wilton Araújo
formulou Requerimento verbal, deferido pela Senhora Presidenta, solicitando a
suspensão dos trabalhos da presente Sessão, para reunião do Colégio de Líderes.
Às quatorze horas e vinte e dois minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e vinte e sete minutos, constatada
a existência de quórum. Em continuidade, foi aprovado Requerimento verbal do
Vereador Carlos Pestana, solicitando alteração na ordem de apreciação da
matéria constante na Ordem do Dia. Em Discussão Geral e Votação, esteve o
Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 002/03, o qual, após ser discutido
pelos Vereadores Beto Moesch, Darci Campani, Reginaldo Pujol, Luiz Braz,
João Antonio Dib, Clênia Maranhão, Ervino Besson, Zé Valdir, Elói Guimarães,
Marcelo Danéris, Renato Guimarães, Raul Carrion, Cláudio Sebenelo, Aldacir
Oliboni, Carlos Pestana e Sebastião Melo, teve sua discussão suspensa, face a
inexistência de quórum. Durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 002/03, as Vereadoras Maria Celeste e Margarete Moraes cederam
seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Darci Campani e Zé
Valdir. Na oportunidade, a Senhora Presidenta registrou as presenças da
Vereadora Rosa Dorneles de Oliveira, do PMDB, e dos Vereadores Rogério Otavio
Mai e Silvio Antonio Baierle, do PP, do Município de Segredo – RS; Altemir
Luft, do PTB do Município de São Martinho – RS; Rodnei Pacheco, do PP do
Município de Entre-Ijuís – RS; Cláudio Borges Arruê, do PDT do Município de Dom
Pedrito – RS; Francisco Renato Rodrigues, do PL, Presidente da Câmara Municipal
de Uruguaiana – RS; José Alberto Pinheiro Vieira, do PP, Presidente da Câmara
Municipal de São Luiz Gonzaga – RS; Jorge de Mattos Oliveira, do PP do
Município de Caibaté – RS; Carlinho Wagner, do PP, e Nelmo Schneider, do PFL,
do Município de São Pedro do Butiá - RS. A seguir, foi votado Requerimento de
autoria do Vereador Pedro Américo Leal, solicitando o adiamento, por duas
Sessões, da discussão do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 002/03, o
qual, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Darci Campani, Luiz Braz,
Isaac Ainhorn e Pedro Américo Leal, obteve treze votos SIM, em votação nominal
solicitada pelo Vereador João
Antonio Dib, tendo votado os Vereadores Beto Moesch, Cassiá Carpes, Cláudio
Sebenelo, Elói Guimarães, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, Luiz
Braz, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo e
Wilton Araújo, votação esta declarada nula pela Senhora Presidenta, face à
inexistência de quórum deliberativo. Na ocasião, face Questão de Ordem
formulada pelo Vereador Juarez Pinheiro, a Senhora Presidenta prestou
esclarecimentos acerca do artigo 163 do Regimento, que trata das possibilidades
de interrupção da Ordem do Dia. Às dezesseis horas e vinte minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e
vinte e um minutos, constatada a existência de quórum. Às dezesseis horas e
quarenta e um minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, em
verificação solicitada pelo Vereador Luiz Braz, a Senhora Presidenta declarou
encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pela
Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e
Ervino Besson. Do que eu, João Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder. Desiste. Não há mais oradores inscritos para
Comunicação de Líder.
Havendo
quórum, passamos à
O SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Srª Presidenta, as Lideranças solicitam
a V. Exª que haja uma interrupção na Sessão para que possam proceder ao acordo
da Ordem do Dia.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): De acordo; nós suspendemos
momentaneamente a Sessão, por cinco minutos, para que haja acordo entre as
Lideranças em relação à Ordem do Dia de hoje.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h22min.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes -
14h27min): Estão
reabertos os trabalhos.
O SR. CARLOS PESTANA (Requerimento): Srª Presidenta Margarete Moraes, mediante
acordo das Lideranças da Casa, ficou acordado que nós votaremos primeiro o PLCE
nº 002/03, e os dois Requerimentos: um de origem da COSMAM e o outro de autoria
da Verª Maria Celeste.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o Requerimento s/nº, de
autoria do Ver. Carlos Pestana, solicitando a votação do PLCE nº 002/03, bem
como dos Requerimentos oriundos da COSMAM e da Ver.ª Maria Celeste, face acordo
das Lideranças da Casa. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO por
unanimidade.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
N.º 0601/03 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 002/03, que suprime o § 1.º do art. 145 da Lei
Complementar n.º 395, de 24 de abril de 1997. (animais não mais desejados) Com Emenda n.º 01.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Marcelo Danéris: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Raul Carrion: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01;
- da COSMAM. Relator Ver. Beto Moesch: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1.º, I, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia em 10-12-03;
- redistribuído
em 16-02-04.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em discussão o PLCE nº 002/03, com
Emenda nº 01. O Ver. Beto Moesch está com a palavra para discutir.
O SR. BETO MOESCH: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, está para ser votado o Projeto de Lei
Complementar decorrente - quero deixar claro isso para a sociedade
porto-alegrense e para esta Casa - de uma construção conjunta da sociedade,
deste Poder e do Poder Executivo.
Isso
é fruto - Ver. Ervino Besson, que participou de várias reuniões - do Fórum de
Proteção e Bem-Estar dos Animais, que nós realizamos aqui toda última
segunda-feira de cada mês. Nós estamos conseguindo, aos poucos, instituir uma
política de bem-estar dos animais na Cidade de Porto Alegre por meio de uma
ampla parceria, mostrando que é possível, sim, Ver. Marcelo Danéris, fazermos
trabalhos em parceria, em conjunto; este Projeto é fruto disso. É um Projeto do
Executivo, porque é iniciativa exclusiva do Executivo, fruto de amplas
discussões no Plenarinho desta Casa.
O
que é que o Projeto estipula? A adoção responsável dos animais. Animal não é
brinquedo. Muitas pessoas adquirem o animal como se fosse um boneco, uma
boneca; é uma vida que nós estamos adquirindo. E as pessoas, algumas,
irresponsáveis, não querem mais esse brinquedo, entre aspas, e o abandonam.
Acham que o Poder Público é que deve receber esse animal, custeando vacinas,
alimentação, e os levam, muitas vezes, à Vigilância Sanitária, no Centro de
Zoonoses. É claro que nós não podemos admitir isso.
Então,
o Executivo apresenta, pela Vigilância Sanitária, este Projeto de Lei. O Fórum
de Proteção e Bem-Estar dos Animais solicitou uma Emenda, da qual este Vereador
é autor, para que se faça ampla campanha educativa, para mostrar, Ver. Luiz
Braz, que nós temos de ser responsáveis com as vidas que adquirimos. Uma coisa
é botarmos uma boneca no lixo; outra coisa é botarmos um gato, um cachorro
fora. Isso vai, inclusive, desencadear doenças, porque animais abandonados
trazem zoonoses, afetam a saúde da sociedade. Nós temos mais ou menos 300 mil
cães e gatos abandonados na Cidade de Porto Alegre. Existem algumas vilas da
Cidade que para cada cidadão existem seis cachorros abandonados circulando,
transmitindo doenças. Quando a vigilância,
por meio do Centro de Zoonoses, era
obrigada por Lei a receber o animal rejeitado pelo proprietário - irresponsável
-, nós estávamos justamente estimulando e incentivando a irresponsabilidade,
estimulando e incentivando a doença, a cultura atrasada.
Este
Vereador quer deixar claro que está faltando ao Poder Executivo educação
ambiental. A Constituição Federal, a Constituição do Estado e a Lei Orgânica do
Município exigem educação ambiental por parte do Poder Público. Mas a
Prefeitura nada faz. A Prefeitura, embora recebendo desta Câmara verbas
orçamentárias rubricadas para fazer educação ambiental, não a faz, e por isso a
Emenda nº 01. Aliás, a Secretaria Estadual da Saúde está fazendo um
extraordinário trabalho de educação sobre a adoção responsável dos animais e
sobre a importância da esterilização, fruto também do nosso trabalho, desta
Câmara, do fórum em defesa dos animais. A Secretaria Estadual da Saúde está
fazendo a sua parte. Esperamos que, com essa Emenda nº 01, a Prefeitura também
faça a sua parte constitucional de estabelecer a educação ambiental em alto
nível. Portanto, somos favoráveis ao Projeto de Lei e à total importância da
sua Emenda, a Emenda nº 01. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Darci Campani está com a palavra
para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. DARCI CAMPANI: Presidenta da nossa Casa, Verª Margarete
Moraes, demais Vereadores aqui presentes, este Projeto de Lei, que é de origem do
Executivo, bem já expressou o Ver. Beto Moesch, atende a uma demanda da
comunidade que milita nessa área de defesa dos animais.
Porto
Alegre já teve uma grande referência, a Dra. Palmira Gobbi, acho que algumas
poucas coisas que a Cidade de Porto Alegre, uma das várias coisas, melhor
dizendo, que Porto Alegre tem como referência. Temos grandes lideranças no
movimento ambientalista, e acho que também esse movimento de defesa dos animais
deve ser para o Brasil um dos locais de ponta em termos de militância nessa
área. Temos movimento no Rio de Janeiro também bastante forte, mas, mais uma
vez, Porto Alegre mostra que tem movimentos sociais bastante fortes. E, às
vezes, em assuntos que podem ser considerados por algumas pessoas como
supérfluos, como fúteis, mas a gente sabe muito bem da importância, porque a
relação com o animal se trata também de uma relação com os outros seres deste
planeta. Na nossa visão antropocêntrica, de que nós vivemos nesse planeta, e
este tem de nos servir, muitas vezes impomos condições de vida tremendamente
injustas para os outros seres que também vivem em nosso planeta.
Este
Projeto de Lei apresentou essa demanda e mostra a boa articulação que o
Município consegue manter com as entidades, com a própria Câmara, que também
participou de todos os debates. O Ver. Beto Moesch puxou esse debate, e o
próprio Executivo acompanhou todos os debates por meio da Secretaria da Saúde,
do Controle de Zoonoses. Então, é um Projeto que merece aprovação por parte
desta Casa para corrigir um erro existente na legislação anterior, que
determinava que só os órgãos públicos deveriam receber animais, e, com a Emenda
do Ver. Beto Moesch, acho que ele reafirma uma coisa que a Prefeitura tem
feito.
A
única discordância que tenho em relação à intervenção do Ver. Beto Moesch é que
sempre será preciso fazer mais pela educação ambiental, tranqüilamente, sempre,
mas não podemos aceitar aqui a afirmação de que a Prefeitura não faz nada com
relação à educação ambiental, e, quando vem um folder do Governo Rigotto: “Um excelente trabalho da Secretaria de
Saúde do Estado”. Acho que as duas fazem, todas as instituições cumprem seus
papéis fazendo projetos de educação ambiental, implantando a educação
ambiental. Porto Alegre tem o Programa Guaíba Vive desde o primeiro ano da
Administração e tem feito intensas atividades na parte de educação ambiental;
Porto Alegre recuperou o Solar da Travessa Paraíso, é o Centro Municipal de
Educação Ambiental, com uma coordenação de atividades constantes nessa área.
Podemos concordar com o Ver. Beto Moesch que sempre será preciso fazer mais,
nunca é o suficiente por uma tradição que temos: a nossa civilização, a nossa
geração foi criada em cima de conceitos de destruição do meio ambiente, de
exploração até o esgotamento da natureza. Para mudar essa cultura é preciso
muito investimento na educação ambiental; então, sempre vai-nos parecer como
insuficiente o que é feito. Não podemos aceitar que a Prefeitura não faz nada e
que o Governo do Estado faz tudo. O trabalho de um panfleto do Governo do
Estado é excelente, agora, com os milhares de panfletos, milhares de documentos
da Prefeitura de Porto Alegre e projetos concretos de saneamento, de proteção
das áreas de nascentes, de proteção das áreas de risco, não dá para dizer que
não fazemos nada.
O
Projeto, em si, tem mérito, merece a sua aprovação, assim como a Emenda do Ver.
Beto Moesch também, que destaca um ponto que achamos que sempre deve ser
ressaltado: a educação ambiental. Portanto, encaminhamos a favor da votação do
Projeto, da sua Emenda, mas com essa pequena divergência em relação à
intervenção do Ver. Beto Moesch, pois a Prefeitura faz educação ambiental;
deveria e pretende fazer mais a cada ano, consolidando mais a sua política de
educação ambiental. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, nós estamos debatendo o primeiro Projeto a ser
examinado neste ano legislativo. Trata-se do Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 002/03; Projeto que, evidentemente, foi encaminhado para a Casa no
início do ano legislativo de 2003, datado de 31 de janeiro de 2003, apregoado
pela Mesa em 17 de fevereiro de 2003. Pela manhã, nós discutimos, com algumas
lideranças da Casa esses primeiros Projetos que vamos examinar. E relativamente
a essa matéria, eu quero, confessadamente, esclarecer que o nosso voto está
balizado no trabalho do Ver. Beto Moesch, que não só nos ofereceu
esclarecimento hoje pela manhã, como ainda nos traz aqui algumas informações
suplementares, entre as quais a Campanha que o Governo do Estado do Rio Grande
do Sul já vem fazendo em nível estadual sobre essa matéria.
O que, objetivamente, o Projeto realiza? Realiza uma
alteração da Lei Complementar nº 395, com a supressão do parágrafo 1º do art.
145 da Lei Complementar. E o que diz esse parágrafo 1º? Esclarece bem o Ver.
Beto Moesch, em seu Relatório, até gizando o conteúdo do parágrafo 1º, que outro
não é senão aquele que diz: “Os animais não mais desejados por seus
proprietários serão encaminhados ao órgão sanitário responsável.” E o que
implica a revogação desse quadro? Implica aplicação, nessas circunstâncias, do
que está previsto no caput, que não se altera. (Lê Relatório do Ver. Beto
Moesch.) “Ao contrário do que se possa imaginar de pleno” - leio - “a medida
não desonera o Poder Público de sua responsabilidade no que respeita ao
acolhimento dos animais abandonados. O Canil Municipal continuará existindo
para abrigar os apreendidos nos logradouros públicos. Igualmente, o Programa de
Esterilizações deverá ser intensificado. O intuito da revogação é atacar os
proprietários que entregam seus animais diretamente ao órgão da vigilância
sanitária por não terem mais interesse em mantê-los. É pratica que banaliza o
abandono e que traz transtorno operacional ao órgão que, mesmo com a política
de estímulo a doações, não supre a demanda. Não
quero mais, entrego para o Poder Público é a expressão que traduz a conduta
adotada, a qual torna oficial, pelo menos, o abandono de animais sadios, já que
a Lei Complementar nº 12, inciso V, art. 77, considera como maus-tratos ‘...abandonar animal doente ou ferido, sem
prestar-lhe a necessária assistência..’ “.
É,
aparentemente, uma matéria de significado menor, e até alguns poderiam dizer:
“Mas que preocupação com os animais abandonados, quando nós temos menores,
crianças, adolescentes jogados ao abandono. Não seria de se priorizar uma
política neste sentido?!” Evidentemente, uma coisa não descarta a outra, e que
esse fato, que, a primeira vista, parece pequeno, se avulta e que não é algo
tão raro na vida na vida da nossa Cidade. Quem visita a periferia de Porto
Alegre, essas zonas onde predominam as residências unifamiliares, vai encontrar
inúmeros casos de pessoas que têm os seus animais, e esses, depois de
determinado tempo - porque envelhecem ou adoecem, etc. -, são simplesmente
abandonados. Isso cria problema no conjunto, reflete na vizinhança e reflete
também na própria convivência social dentro da área urbana.
Por
isso, Sr. Presidente, eu reafirmo que a nossa disposição é de acompanhar o
Projeto, fundado integralmente na posição muito bem expedida pelo Ver. Beto
Moesch.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver.ª Margarete Moraes, Presidente desta
Casa; Ver. Ervino Besson, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores,
ouvi aqui o Ver. Beto Moesch e o Ver. Reginaldo Pujol, e tenho alguns receios
na votação desta matéria.
Estou
vendo que, quando retiramos aqui o parágrafo 1º do artigo 145, eu estou
retirando talvez um dos únicos vínculos, uma das únicas responsabilidades do
Município com relação aos animais que são abandonados, aqueles que não têm mais
dono, aqueles que são colocados para fora de suas casas, porque o Município,
através da Legislação, não vai, com a retirada desse artigo e desse parágrafo
1º, ficar mais com nenhuma responsabilidade sobre o destino desses animais. A
sociedade é que deve, de uma forma ou de outra, acolher esses animais,
retirá-los da rua. Eu estou vendo que, na própria redação do art. 145, até
mesmo é o próprio proprietário que tem a responsabilidade de fazer a limpeza
dos dejetos desses animais.
Ora,
eu vejo que nós caminhamos para a confecção de uma determinada legislação, se
continuar a tendência dessa forma, Ver. Pestana, em que nós não precisaremos
mais de administrações públicas. Para quê? Porque nós não precisamos mais da
Prefeitura para fazer limpeza...! Se o animal vai ser rejeitado ou se ele está
na rua abandonado, o Município não tem nenhuma responsabilidade com ele, porque
nós estamos retirando aqui a única responsabilidade que há, por parte do
Executivo, no Projeto de Lei do Município, com relação aos animais abandonados.
Então, eu não sei se nós estamos realmente prestando um serviço ou um
desserviço a nossa sociedade com a retirada desse parágrafo 1º.
Eu
não tenho vínculo, na verdade, com nenhuma associação de proteção aos animais,
mas eu sou um amigo dos animais. Desde criancinha, eu gosto dos cachorros, sou
dado também a proteger sempre os animais, em geral. Agora, eu não vejo como,
Ver. Marcelo Danéris, retirarmos a Prefeitura Municipal da relação de ser
responsável com os animais que estão abandonados.
Eu
lembro que, no passado, Ver. Darci Campani - e corrija-me se eu estiver errado,
porque V. Exª tem mais conhecimento nessa área do que este Vereador que está na
tribuna -, a SMIC tinha uma área destinada ao recolhimento de animais; por
exemplo, citando o caso dos cavalos, que ficavam abandonados e eram levados
para lá, até que o proprietário pudesse ir até o local para poder retirá-los.
Era cobrada multa, mas o Município mantinha uma estrutura para receber esses
animais. Hoje isso não há mais, hoje os animais de tração vivem soltos ali pela
Av. Ipiranga e por outras regiões da Cidade, e o Município não toma nenhuma
providência para recolhê-los. E eu acho
que, muitas vezes, eles trafegam por entre carros, em avenidas bem
congestionadas, colocando, realmente, as pessoas em perigo, e eles também
correndo um sério perigo.
Agora,
com relação aos cães, gatos, eles vão ser abandonados, vão ficar lá no meio da
rua...! O Município não tem nada a ver com isso...! Não vão alegar mais nada,
porque o parágrafo que nós estamos retirando aqui do art. 145 diz: “Os animais
não mais desejados por seus proprietários serão encaminhados ao órgão sanitário
responsável”. Ora, qual o órgão sanitário responsável? É órgão da Prefeitura,
para nós, aqui, que fazemos a Legislação Municipal; aí não podemos mais
encaminhar para a Prefeitura, porque a Prefeitura não tem nada com isso, vamos
encaminhar para outros organismos, e estamos achando que estamos fazendo,
realmente, uma bela legislação. Acho que nós não estamos. Acho que nós devemos,
realmente, estabelecer padrões dentro dos quais a Prefeitura pode, cada vez
mais, cuidar dos animais que são animais abandonados, animais que não são mais
queridos pelos seus donos e que, de repente, colocam até, em determinados
momentos, a população correndo risco, como é o caso, por exemplo, de cães
bravios ou então de cavalos que são soltos no meio do trânsito em determinadas
regiões mais movimentadas.
Então,
eu, realmente, não sei se compreendi todo o teor do Projeto, mas, pelo que
compreendi desse teor, acho que esse é um parágrafo que nós não deveríamos
retirar do art. 145.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Darci Campani está com a palavra
para discutir o PLCE nº 002/03, por cedência de tempo da Ver.ª Maria Celeste.
O SR. DARCI CAMPANI: Agradecemos o espaço cedido na tribuna
pela Ver.ª Maria Celeste exatamente para poder responder ao Ver. Luiz Braz em
relação aos questionamentos que ele realizou. Ver. Luiz Braz, essa é uma
proposta - e o próprio Ver. Beto Moesch colocou - articulada com o movimento
das pessoas que militam nessa área. Então, não é simplesmente uma
desresponsabilização do Município em relação à política de saúde, à política de
Controle de Zoonoses, que é no setor da Prefeitura que funciona.
Existe
ainda a área - que não é da SMIC - dentro do que era um próprio da SMIC, o
Centro Agrícola Demonstrativo da Prefeitura. Selecionou-se lá um recanto, que é
hoje a Central de Zoonoses da Prefeitura de Porto Alegre, administrada pela
SMS. Então, há um complexo lá que é uma área administrada pela SMAM, que é ali
em Viamão, no Parque Saint-Hilaire. Dentro do Parque Saint-Hilaire,
historicamente, há mais de 40 anos, uma área foi destinada à SMIC, onde é o Centro
Agrícola Demonstrativo, e na gestão passada, ainda, foi, dentro do Centro
Agrícola Demonstrativo, selecionado um canto onde foi construída - se não me
engano há dois anos - e inaugurada a Central de Zoonoses.
Se
o Vereador tivesse lido a Justificativa do Executivo para o Projeto de Lei,
veria que o fato é que, hoje, nós temos uma demanda muito grande e há custos
para o Município, sendo que não precisa ser só o Município que faça isso. As
entidades que militam nessa área também estão se disponibilizando a receber
esses animais e dar-lhes a devida destinação. Qualquer pessoa que vá ao Parque
da Redenção - eu já fui várias vezes -, verá que existe um estande da
Prefeitura, do Controle de Zoonoses, que, todos os fins de semana, está ali, às
vezes é em outros lugares também, fazendo a campanha de adoção de animais.
Então,
o ideal para esses animais não seria a eutanásia, seria a campanha de adoção,
de transferência. Esses animais são castrados, porque às vezes a pessoa quer um
animalzinho e, muitas vezes, não quer filhotes, não quer que se reproduzam,
então há o castramento, há a aplicação de todas as vacinas que são
recomendadas, e o animal é entregue para quem se dispuser à adoção. Isso seria
o ideal, só que é uma estrutura que o movimento que milita nessa área prefere
também poder atuar, porque pode dar, às vezes, com muito mais carinho, com
muito mais perfeição, esse atendimento. Na Prefeitura, porque a demanda é muito
grande, muitas vezes, esses animais acabam sendo levados à eutanásia justamente
pela demanda, devido ao Centro de Zoonoses ter uma certa capacidade; se forem
colocados muitos animais lá, a única saída, realmente, é a eutanásia, que não é
o ideal. O ideal seria a adoção desses animais por outras pessoas que os
queiram, isso seria o ideal, mas isso as associações protetoras dos animais
estão se dispondo a fazer.
Então,
não é bem tirar um encargo do Município, que, com isso, não vai ter mais o que
fazer. Não, ele tem muito o que fazer. Essa não é a atividade realmente que
cria encargo para Prefeitura, mas existe uma demanda concreta do movimento das
associações, do pessoal que milita na defesa dos animais para poder também
participar desse processo. Então, não é a questão de estar sendo retirado um
encargo do Município, mas, sim, de a sociedade organizada estar solicitando que
possa também participar. E, hoje, a Lei prevê que só o Município pode receber
esses animais. Então, tira-se esse encargo de só a Prefeitura poder receber
esses animais.
E
eu acho que, detrás dessa discussão, a gente tem de ter um denominador comum.
Aqui nós temos correntes que defendem um Estado mínimo, enxuto, que faça o
mínimo possível. Nós não defendemos o Estado que faça tudo. Nós temos de ter,
entre um termo e outro, alguma coisa que seja de bom-senso, porque a sociedade
organizada também é o Estado, não só aqueles que são eleitos, aqueles que
trabalham em órgãos públicos que são o Estado. As ONGs também são
representações da nossa sociedade, que têm, em várias outras áreas, já atuado
junto com órgãos públicos, seja na área ambiental, na área de proteção aos
animais, numa série de áreas, as ONGs trabalham juntas com estruturas públicas
para implantar a política pública discutida com senso comum.
Então,
não se trata, simplesmente, de exonerar a Prefeitura de Porto Alegre dessa
atividade, mas também de abrir a porta para que as entidades que pretendam
trabalhar nessa área, que gostam e tenham a militância nessa área, possam
também trabalhar junto com a Prefeitura. O Centro de Zoonose está lá, se
quiserem, podemos fazer uma visita para mostrar para os Vereadores que, na
Lomba do Pinheiro, existe uma determinada capacidade de recepção de animais,
não infinita, determinada a capacidade. Então, o Projeto de Lei não visa tirar
simplesmente incumbências da Prefeitura. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Haroldo de Souza deve estar muito
contente, deve estar lembrando o dia 01 de janeiro de 2001, quando nós tomamos
posse nesta Legislatura, e o Prefeito Tarso Fernando Genro e o seu Vice, João
Acyr Verle, lembravam da importância de encontrar uma solução para o menor abandonado
nas ruas da Cidade. E até agora nós não vimos chegar a esta Casa nenhum Projeto
de Lei, nenhuma preocupação prefeitorável sobre os menores abandonados nas
ruas, mas os cães, os gatos, esses são objeto de um Projeto de Lei Complementar
do Executivo, que deseja suprimir o parágrafo 1º do art. 145 da Lei
Complementar nº 395, de 24 de abril de 1997. E o que diz esse parágrafo 1º...
O Sr. Pedro Américo Leal: (Lê.) “Os animais não mais desejados por
seus proprietários serão encaminhados ao órgão sanitário responsável” - venho
em socorro de Vossa Excelência.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Exato, socorre-me com a presteza de
sempre e com a competência de sempre.
Vejam V. Exas, então, eles não querem que os
animais que não forem procurados ao longo de dez dias sejam encaminhados aos
órgãos sanitários competentes. Mas as crianças podem andar nas ruas, cheirando
cola, sem nenhuma assistência, sem nenhum cuidado, sem nenhuma preocupação do
Executivo Municipal, a não ser ter fechado aqueles bueiros.
E
diz o Sr. Prefeito, no extenso arrazoado que faz, que o custo de um cão, da
manutenção de um cão, é de 60 reais mensais. A instituição tem capacidade para
abrigar 250 animais dentro dos prazos estabelecidos, sendo que o custo de
manutenção está estimado em 60 reais. Não sei se são 60 reais em dez dias ou 60
reais em um mês. Se forem 60 reais em dez dias, então é um crime contra as
crianças abandonadas nas ruas da Cidade, porque, se podemos gastar com os cães
e gatos e não podemos gastar com as crianças, fico gostando mais de alguns cães
e de alguns gatos que estão nas ruas e desprezando outros que mandam aí nas
coisas da Cidade. Se há dinheiro para cuidar de cães e gatos abandonados e não
se pode cuidar das crianças abandonadas, tenho de fazer um pedido a Deus para
que me perdoe, pois eu também sou parte desta Cidade e não ajudei a cuidar das
crianças, estou ajudando, agora, a cuidar dos cães e dos gatos. Não é que cães
e gatos não tenham que ser cuidados, têm de ser cuidados, sim, mas a criança
vem em primeiro lugar - diz-me o Ver. Haroldo de Souza, que sonha com isso
desde 1º de janeiro de 2001.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Excelência, demonstrando o desconhecimento desta matéria que
atropeladamente colocaram em votação hoje, inopinadamente, V. Exª, que é um dos
Vereadores mais diligenciosos desta Casa, já diz tudo: esta matéria tem de ser
votada depois do carnaval. Hoje não, respeitem-me! Hoje não!
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Ver. Pedro Américo Leal, agradeço o
aparte de V. Exª, este Processo está na Casa há um ano e dezoito dias. Mas, de
qualquer forma, quando se pensa... E a Casa, no ano passado todo, discutiu a
criança abandonada na rua, de repente, nós não olhamos os cães e os gatos.
Então tem razão o Ver. Haroldo de Souza: vamos cuidar das crianças e depois dos
gatos e cachorros. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir o PLCE nº 002/03.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, na verdade, o que estamos discutindo aqui, neste
momento, é um Projeto de Lei com Emenda, que, na minha avaliação, aprimora o
Projeto, trata exatamente - estou frisando o foco do Projeto, porque na verdade
ele já nos permitiu várias ações comparativas - de buscar a co-responsabilidade
da sociedade em relação aos animais.
Eu
presidi, por duas vezes, nesta Casa, a Comissão de Saúde. É uma das Comissões
mais amplas e mais difíceis, seguramente, deste Parlamento, porque engloba a
questão da saúde e do meio ambiente ao mesmo tempo. E tive a oportunidade,
presidindo a Comissão de Saúde, de ouvir pessoas, entidades, especialistas na
defesa dos animais no Município de Porto Alegre. Naquela oportunidade, eu
recebi visitas, participei de seminários com especialistas nessa área e pude
aprender muito, inclusive pude compreender que um mandato de Vereador é premido
por tantas necessidades, por tantas circunstâncias que, muitas vezes, aspectos
relevantes da nossa sociedade não se colocam nas preocupações cotidianas dos
nossos mandatos. Uma das questões foi exatamente a problemática enfrentada, por
uma série de entidades ambientalistas, em relação à defesa dos animais vivos,
sobre o que fazer com os animais abandonados e o que fazer com os animais
depois que morrem e ficam nas ruas, criando aí um outro problema na área da
Saúde Pública, que é a questão da zoonose.
Eu
tive a oportunidade de ouvir muito uma entidade de defesa dos animais que
mostrava a brutalidade que existe aos nossos olhos com aqueles animais que
carregam as carroças dos lixos e, em cima daqueles lixos, as crianças
abandonadas.
Eu
tenho por tradição profissional a área social na defesa dos direitos da criança
e do adolescente. Eu acho que o fato de se defender, priorizar a luta na defesa
da criança e do adolescente não invalida, não impede e não minimiza a tua
responsabilidade na defesa de nenhuma política pública que mantenha a
integração, a unidade, a dignidade na relação entre o ser humano e a natureza e
entre o ser humano e os animais.
Eu
acho que este Projeto de Lei, especificamente, se refere à questão dos animais
que são entregues ao Poder Público depois de um ato, inclusive, de convivência
e, de fato, de responsabilização dos donos daqueles animais. Eu queria lembrar
que muitas vezes uma família assumi circunstancialmente a responsabilidade por
um animal, depois, não tendo mais interesse ou condições de criá-lo, ele é
simplesmente encaminhado para o Poder Público ou muitas vezes é deixado nas
ruas.
Eu
me recordo também de uma visita que fizemos à Vila Dique, onde as casas viviam
no meio da lama, e as crianças, as famílias e os animais viviam todos juntos,
inclusive fazendo com que as condições de saúde daquelas famílias fossem
pioradas por essa situação de abandono, quer seja do espaço familiar ou do
ambiente em que os animais convivem, transmitindo doenças e sendo, muitas
vezes, maltratados.
E,
por último, eu queria dizer que a relação com o animal, das crianças com os
animais, fundamentalmente, no caso, com os animais de estimação, elas são
relações recomendadas em alguns países como relação terapêutica, porque é uma
experiência de expressão da própria afetividade e de construção de cuidados com
outros seres vivos.
Portanto,
eu penso que é sob essa ótica que nós temos de discutir. Eu não tive tempo de
me aprofundar no estudo do Projeto, mas queria apenas dizer a última frase: eu
penso que este Projeto não tira a responsabilidade do Poder Público; ele, na
verdade, imprime um conceito, que é extremamente moderno, que é a co-responsabilidade
do Poder Público e da sociedade sobre todas as pessoas, sobre o meio ambiente,
sobre os animais, sobre o conjunto da sociedade.
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Ervino Besson está com a palavra
para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. ERVINO BESSON: Srª Presidenta, Ver.ª Margarete Moraes;
1º Vice-Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham pela TVCâmara e nas
galerias, eu quero saudar a todos. Confesso que estou confuso para votar este
Projeto. Depois de ouvir o pronunciamento do Ver. Beto Moesch, um Vereador
respeitado por esta Casa - não só por esta Casa, mas pela nossa Porto Alegre -,
por sua luta em defesa do nosso meio ambiente, e, depois, ouvindo o Ver. Luiz
Braz, sinceramente, meus caros colegas Vereadores, estou confuso com este
Projeto.
Eu
entendo, conforme o depoimento aqui do Ver. Luiz Braz, meu caro Ver. Beto
Moesch, que ele tem razão nas suas colocações, pois, Ver. Pedro Américo Leal,
está-se retirando a responsabilidade do Poder Executivo. Eu penso que este
Projeto poderia ser enriquecido co-responsabilizando os munícipes da Cidade
Porto Alegre. É uma extensão do Projeto. Eu pergunto a V. Exas: como
vai ficar este Projeto? Como ficam os cães, os animais que são abandonados nas
ruas, inclusive, Ver. Pedro Américo Leal, procriando nas praças públicas, em
bosques, na nossa Cidade, no próprio cinturão verde da Cidade de Porto Alegre?
Como é que fica? De quem é a responsabilidade do problema, se está-se retirando
também da responsabilidade da Prefeitura? Sinceramente, eu estou confuso.
Eu
penso que não deveria ser retirado o parágrafo 1º do art. 145, que foi uma
decisão, conforme disse o Ver. Beto Moesch - a quem eu respeito muito, tenho o
maior respeito por este Vereador, pela sua luta a favor do meio ambiente, da
ecologia. Agora, as entidades que estudaram, será que se elas deram conta de
que estão retirando do órgão competente, que é o Executivo, também a sua
responsabilidade? Os países do Primeiro Mundo têm um órgão somente para cuidar
dos animais, pessoas especializadas, preparadas, e, se houver qualquer
denúncia, está lá aquele pelotão preparado para atender àquela denúncia, para
recolher o animal e dar atendimento.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu estou grandemente perturbado pela atropelância que estão fazendo aqui, neste ano, nas matérias. Já
começou mal o ano. Por que esta matéria vai para votação hoje? Qual é o
problema? Eu não conheço. Cheguei aqui, nesta Casa, e fui surpreendido por essa
determinação. Não, não é possível, a matéria tem de ser estudada. Está há um
ano e tanto aí, diz o Ver. Dib. Está certo, está nos porões da Câmara Municipal
e, agora, vem à tona. Está no plenário, onde se decidem as coisas. Então,
respeito com a matéria. Eu anunciei que vou pedir o adiamento desta matéria, no
mínimo, por duas Sessões.
Eu
estou roubando o tempo de V. Exª, mas V. Exª conhece o drama dos cães. O cão é
o mais fiel seguidor do homem, e o homem nunca colocou no sobrenome dele o nome
de cachorro. Nós encontramos o fulano de tal “Leitão”, fulano de tal “Tigre”,
mas não encontramos um “Cão”.
O SR. ERVINO BESSON: Ver. Pedro Américo Leal, eu agradeço o
aparte de Vossa Excelência. Eu quero dizer que sou um homem oriundo do Interior
e poderia aqui, nesta tribuna, hoje, contar fatos para todas as pessoas
presentes e àquelas que nos assistem pela TVCâmara que aconteceram com os
animais, principalmente com os cachorros, com os cavalos e que emocionariam
muito as pessoas.
O Sr. Beto Moesch: V. Exª permite um aparte?
O SR. ERVINO BESSON: Mas eu quero ouvir o aparte do Ver. Beto
Moesch. Por gentileza - como já disse, V. Exª é um homem que respeito, pela sua
luta em defesa do nosso meio ambiente e dos nossos animais.
O Sr. Beto Moesch: Ver. Besson, está, infelizmente,
ocorrendo uma confusão. O que se entende para quem não acompanhou o processo. O
Poder Executivo continua responsável pelos animais abandonados; o que se quer é
que o proprietário do animal seja responsável. A Vigilância Sanitária vai poder
receber os animais, mas com pagamento. O que não pode é a sociedade arcar pela
irresponsabilidade dos proprietários irresponsáveis. E aí também há a Emenda,
para que a Prefeitura faça uma ampla divulgação sobre isso. A responsabilidade
pelos animais abandonados na rua continua sendo, obviamente, do Poder Público.
O SR. ERVINO BESSON: Ver. Beto Moesch, eu agradeço o aparte de
V. Exª, mas entendo que o parágrafo 1º do art. 145 não poderia ser mexido,
porque de repente... Talvez eu esteja confuso, mas vejo que não sou só eu, o
Ver. Luiz Braz se pronunciou de uma forma bastante clara aqui. Eu entendo que
retira, Vereador, a responsabilidade do Município. Não vamos mexer nesse
parágrafo 1º do artigo 145 e vamos colocar uma Emenda, também,
co-responsabilizando a Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para
discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. ZÉ VALDIR: Srª Presidente, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, eu não ia me inscrever, mas, depois da fala do Ver. João Antonio
Dib, sou obrigado a me inscrever, até porque o Ver. João Antonio Dib fez uma
fala, aqui, que não é do seu tom. Ele, primeiro, comparou criança e adolescente
com animais para dizer que a Prefeitura trata melhor os animais...
(Aparte
anti-regimental do Ver. João Antonio Dib.)
Eu
o ouvi e não vou dar-lhe aparte; vou falar agora - o ouvi com atenção. Disse
que a Prefeitura trata melhor, a Administração Popular trata melhor os cães do
que as crianças. Em primeiro lugar, é uma desinformação de um Vereador
informado como o Ver. João Antonio Dib, porque não é assim. Dizer que não há
nem uma assistência em Porto Alegre é um absoluto absurdo. Se eu não conhecesse
o Ver. João Antonio Dib, eu diria que ele não conhece a Cidade, porque desde
que a Administração assumiu foram feitos 130 convênios com creches - que aliás
estavam todas só no prédio, algumas nem no alicerce -, as Casas da Criança, as
creches do CIAC, as famosas creches comunitárias; a primeira casa de passagem
para a criança vítima de violência, no Brasil; a primeira casa para a mulher
vítima de violência com seus filhos, que é a Casa Viva Maria, o Projeto Sinal
Verde, o atendimento sócio-educativo em meio aberto.
É
claro que nós não acabamos com o problema, mas me citem uma cidade brasileira,
uma capital brasileira que tenha resolvido o problema sério, o problema grave
da criança e do adolescente. Curitiba, que é tão elogiada! Fui lá e fotografei
crianças na rua, também! Agora, nós temos políticas, sim, em Porto Alegre, e
não me venham querer fazer essa comparação e dizer esse absoluto absurdo de que
não há política em Porto Alegre. Ou, então, os órgãos internacionais que o
reconhecem, inclusive concedendo prêmios à política para a criança e o
adolescente em Porto Alegre, são todos desinformados, burros e manipulados?
Ora, Ver. João Antonio Dib, V. Exª costuma ser mais sério na tribuna; hoje V.
Exª não estava inspirado.
Agora,
vem o Ver. Pedro Américo Leal usar a velha estratégia, dizendo que este Projeto
está sendo encaminhado de afogadilho. O Projeto entrou na Casa no dia 03 de
fevereiro de 2003. Há mais de um ano, Ver. Darci Campani, este Projeto tramita
na Casa, e esse Vereador vem aqui dizer que o Projeto foi imposto goela abaixo,
de afogadilho! Mas o que é isso, Vereador? Vamos ser sérios com a população que
nos ouve e que nos assiste.
Segundo,
quanto ao mérito do Projeto, é simples: ele revoga o parágrafo 1º do art. 145
do Código Municipal de Saúde. O que diz o caput
do artigo hoje em vigor? Diz: “Será de responsabilidade dos proprietários a
manutenção dos animais em perfeitas condições de alojamento...”. E o que diz o
parágrafo que estamos querendo revogar? “Os animais não mais desejados por seus
proprietários serão encaminhados ao órgão sanitário...”. Isso aqui tem de
mudar, tem de mudar urgentemente, porque isso é uma aberração! O caput do artigo é contraditório ao
parágrafo, porque diz que é responsabilidade dos proprietários; os
proprietários são responsáveis pelos seus animais. E depois diz lá que, bom,
quando eles não quiserem mais, eles vão lá e entregam para o Poder Público.
Como muito bem disse a Ver.ª Clênia Maranhão, está na hora de começarmos a
responsabilizar toda a sociedade para defender e valorizar a vida, porque é a
vida que está em jogo.
Só
o Ver. João Antonio Dib e outros, que talvez não morem na periferia, não sabem
a preocupação da população com os cães abandonados, porque uma série de pessoas
pega os cães quando são novinhos, mimam e, depois, quando não querem mais,
jogam os animais nas ruas. Não têm responsabilidade nenhuma! Está na hora de
pararmos com isso! E depois passa a ser responsabilidade do Poder Público. Nós
temos de responsabilizar, sim, o Poder Público, como disse o Ver. Beto Moesch:
a obrigação do Poder Público está garantida, permanece. Agora, o que estamos
fazendo é tirando esse parágrafo que tira a responsabilidade da sociedade, para
fazermos com que pessoa que pegue um cão para criar seja responsável por manter
esse cão até o fim, para que não o jogue nas ruas, e depois o Poder Público ter
um tremendo problema para resolver, principalmente na periferia. Casualmente,
eu estou com um cachorro na porta de minha casa, e até não é um desses cachorros
comuns, é um cachorro de raça que alguém abandonou lá na Vila Nova Gleba. Está
lá, abandonado, na porta da casa das pessoas. Quem é o responsável por isso?
Isso
tem de parar. Nós temos de começar a responsabilizar também a sociedade, Ver.
João Antonio Dib; aqueles que pegam os cães para criar e depois os jogam nas
ruas, como objetos descartáveis. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, essa iniciativa, principalmente o parágrafo 1º do
art. 145, que o Executivo pretende retirar do texto, eu diria que é uma luta,
uma conquista do Movimento de Proteção dos Animais, numa visão, Srª Presidente
e Srs. Vereadores, de que, estendendo a possibilidade legal e jurídica ao
proprietário do animal, ele não cometa o que é regra, que é abandonar o animal.
Esse é o conteúdo, esse é o significado do presente dispositivo: civiliza, ou
melhor, humaniza, Ver. João Antonio Dib, para que o proprietário, em vez de
jogar o animal na rua, leve-o a um órgão especializado do Município, que tem a
responsabilidade de administrar a situação apresentada.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Elói Guimarães, eu aproveito a bondade de V. Exª para
justificar o pronunciamento do Ver. Zé Valdir, que, hoje, não estava inspirado.
O que eu disse é que o número de crianças abandonadas nas ruas aumentou e eu
não vi o Executivo fazer nada para diminuí-lo. Eu conheço bem esta Cidade, mais
do que muita gente que apregoa conhecê-la na tribuna.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a Vossa Excelência. Eu tive a
oportunidade de discutir esta Lei Complementar, que ora se pretende suprimir o
seu parágrafo 1º, para colocar ao Ver. Beto Moesch que essa disposição é
exatamente para evitar que os proprietários abandonem os animais. Esse é o
sentido e o conteúdo da disposição. Por isso, eu entendo que, do ponto de vista
do avanço que se produziu na defesa dos animais, se me afigura não a melhor
solução, não é a melhor solução, porque vai aumentar o expediente do abandono.
Vejam, Vossas Excelências: vai crescer o abandono. Em vez de o proprietário
levar ao órgão do Município especializado, o que fará? Fará o abandono. Então,
é uma forma encontrada, historicamente, Ver. Haroldo de Souza, para se
humanizar a defesa e a proteção dos animais. É uma conquista, Ver. Zé Valdir,
do Movimento de Proteção dos Animais, evitando que o animal seja abandonado.
Então, criou-se a Lei, o legislador municipal estendeu a possibilidade jurídica
para que não sejam maltratados, para que não sejam abandonados os animais. Esse
é o conteúdo da norma da disposição em tela.
Nesse
sentido, eu discuto, evidentemente, pela inoportunidade de se retirar o
parágrafo 1º do art. 145, porque
voltaremos à faixa - e a ampliaremos - daqueles que abandonam os animais na via
pública, para que sigam o seu destino infeliz, a sua própria desgraça. Então, é
um dispositivo que, na minha opinião, deve ser mantido na Lei, pois estende,
até certo ponto, uma proteção importante aos animais, que é o parágrafo 1º do
art. 145, permitindo que em situações - e são situações, como regra,
absolutamente irrecuperáveis - em que o proprietário, em vez de deixar o
animalzinho morrer abandonado na rua, pega-o e entrega-o ao Município, ao setor
médico-veterinário do Município, para que ele proceda nas formas científicas.
Então, parece-me, salvo melhor juízo, salvo melhor entendimento, inoportuno
retirarmos da Lei em tela a referida disposição que protege os animais do
abandono, para que venham a morrer. Obrigado, Srª Presidenta.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Marcelo Danéris está com a
palavra para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Srª Presidenta, Ver.ª Margarete Moraes;
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui e
pela TVCâmara, este é um Projeto simples, de ordem lógica. A pessoa que adquire
um animal de estimação, seja ele qual for, não pode se desresponsabilizar por
essa aquisição, jogando toda a responsabilidade sobre o Poder Público, ao seu
bel-prazer, quando ela se cansar de ter o seu animal de estimação. Significa,
apenas, uma forma de regular as relações sociais, regular a responsabilidade e
a cidadania que temos de ter com a nossa Cidade, por óbvio.
Este
Projeto nada mais é do que garantir os limites de responsabilidade que o Poder
Público tem e a responsabilidade que o proprietário tem sobre o seu animal de
estimação, sobre o que fazer com ele, se não o quiser mais: garantir a sua
vida, o seu sustento dentro de uma associação privada que cuide de animais,
ficar com o animal até o final da sua vida e assim por diante. O que não pode é
a pessoa estar totalmente desresponsabilizada, largar o animal nas ruas ou,
simplesmente, chegar à porta do Poder Público e dizer: “Não quero mais, é de
vocês!” E os custos e a relação que isso tem com o Poder Público para manter
todos os animais da Cidade?
Nós
temos, mais ou menos, 1.400.000 habitantes. Vamos fazer um cálculo baixo, que
tenhamos 600 mil famílias em Porto Alegre. Vamos fazer um cálculo mais baixo
ainda, Ver. Wilton Araújo, que nós tenhamos 300 mil famílias com animal de
estimação. Digamos que apenas 10% delas desista do seu animal de estimação, vá
ler a Lei e veja que ali diz que o Poder Público tem de assumir essa
responsabilidade; seriam 30 mil novos animais entregues ao Poder Público para
que ele cuide.
O
que fazer? Com que dinheiro? Qual é a prioridade do Município? Há tantos
Vereadores aqui que defendem a questão da criança e do adolescente. A
prioridade do Poder Público é assumir para si o cuidado com todos os animais
que forem abandonados pelos seus proprietários, pelos seus donos? Não pode ser.
Isso não é racional, isso não é o melhor para a Cidade.
O
Projeto é simples, o Projeto regula isso, Ver. Pedro Américo Leal, mas é óbvio
que o Projeto também pode ser aperfeiçoado no futuro. Vamos testá-lo agora. Se
nós, ao percebermos que ainda falta legislação para ajustá-lo melhor, o
faremos, porque a Câmara de Vereadores é atenta a isso. A cidadania de Porto
Alegre é atenta a isso, e o Poder Público Executivo também é atento a isso. Mas
vamos experimentar... Sim, eu falei que a Câmara de Vereadores é atenta a isso.
Só para relembrar, a Câmara, a cidadania e o Poder Executivo, todos são atentos
a isso.
Então,
veja bem, Ver. Beto Moesch, é preciso que a gente teste essa legislação agora.
Testaremos, e com a atenção que nós temos. Se não for possível e tivermos de
fazer algum ajuste, nós o faremos, tanto como iniciativa do Executivo como do
Legislativo.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Marcelo Danéris, eu estou mais convencido neste momento de que
o Projeto seria enriquecido deixando-o como está, não suprimindo o parágrafo 1º
do art. 145. Nós estenderíamos essa co-responsabilidade aos munícipes da Cidade
Porto Alegre. Seria um Projeto tranqüilo. Eu acho que suprimindo o parágrafo
1º, como já disse, do art. 145, nós estaremos sucateando o Projeto. É a visão
deste Vereador.
O SR. MARCELO DANÉRIS:
Ver. Ervino Besson, não está prejudicado o debate que V. Exª propõe. Nós,
aprovando este Projeto, não estaremos impedido que, no futuro imediato,
inclusive, possamos apresentar os ajustes necessários. É disso que eu falo. Não
precisamos, ao mesmo tempo, ficar no zero. Vamos dar o primeiro passo. Não
vamos impedir o primeiro passo. Vamos dar o primeiro passo e, se for
necessário, dar o segundo passo, nós o daremos. Não há problema, inclusive para
o que o Ver. Ervino Besson levanta. Pode ser apresentado aqui como Projeto de
Lei. A proposta é simples, necessária, importante ao interesse público. Nós
damos esse primeiro passo, aprovamos o Projeto e vamos seguir esse debate,
porque, obviamente, essa legislação, em todos sentidos, terá de avançar
bastante, inclusive, pela própria demanda da população de Porto Alegre.
Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu acho que é importante a gente resgatar a
intervenção do Ver. Beto Moesch, que, no ano passado, presidia a nossa Comissão
de Saúde e Meio Ambiente. Nós não estamos tratando de uma matéria que veio
exclusivamente de uma demanda do Executivo, da área de vigilância sanitária.
Nós estamos tratando de uma matéria que foi construída socialmente na Câmara de
Vereadores, por meio da sua Comissão pertinente, da qual diversas entidades que
militam na área de proteção aos animais participaram, inclusive os setores do
Poder Executivo que lidam com a matéria da proteção, do acompanhamento a
situações que envolvem animais na nossa Cidade se manifestaram, intervieram,
construíram a proposta que estamos aqui a debater. Acho que é importante a
gente entender isso para não cair no erro de fazer tristes comparações.
Eu
não poderia classificar a intervenção do meu amigo e colega Ver. João Dib como
triste, de alguém que, quem sabe, naquele afã de fazer oposição permanente ao
Projeto da Administração Popular, descambe para comparações que são totalmente
equivocadas, como comparar a política de atendimento à criança e ao adolescente
em Porto Alegre à política de proteção a cachorros e cavalos. Já houve um
Presidente, na época da ditadura militar, que fez, numa intervenção solene, uma
comparação deste tipo: ele preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo.
Isso é passado, já tiramos isso da história brasileira. Então, esses tipos de
comparações não são boas, entristecem o Parlamento.
Estamos
discutindo aqui, concretamente, uma mudança na Lei, no sentido de trazer maior
responsabilidade aos proprietários de animais da nossa Cidade. A Lei já no seu
artigo apresenta essa responsabilidade, mas, dentro da própria legislação, há
uma contradição no momento em que não cria uma responsabilidade para o
proprietário quando o animal está doente, quando o animal precisa buscar uma
assistência, não cria esse elo de responsabilidade com o proprietário. Acaba
jogando exclusivamente essa responsabilidade ao Poder Público, à Vigilância
Sanitária. Então, a Lei tenta, suprimindo essa parte contraditória, trazer,
Ver. Pedro Américo Leal, para o proprietário do animal, também a
responsabilidade pelos momentos ruins, aquela história: “Tenho um cachorrinho,
tenho um cavalo, tenho um gato... Quando esse animal está doente e precisa de
assistência, também sou responsável por ele”. O que se tenta fazer aqui é
trazer a responsabilidade do animal para o proprietário do todo da sua
existência, dos momentos em que ele está divertindo a família, em que ele é o
agrado da criança, mas também para naqueles momentos em que ele já está
velhinho, fica doente e precisa que a família com quem ele conviveu o acompanhe
e lhe dê assistência. O objetivo da Lei é esse, nada mais do que isso.
Portanto,
volto a afirmar que as comparações, as insinuações de querer debater...não que
nós não queiramos debater outras políticas do Município de Porto Alegre. Eu teria toda a qualificação,
acho-me qualificado para fazer debate sobre política para juventude, idosos,
crianças e adolescentes, na área de saúde, acho que tenho, nos dois mandatos
nesta Casa, demonstrado isso, porque a gente sobe nesta tribuna e sabe do que
está falando. Mas não é bom comparar, Ver. Pedro Américo Leal, não é bom
comparar o cheiro dos cavalos com o cheiro do povo, como não é bom comparar
gatos, cachorros e cavalos com crianças e adolescentes na Cidade de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
Presidenta desta Casa; demais Vereadoras e Vereadores, todos que nos assistem
nesta tarde, aqui ou nas suas residências, uma saudação especial por ser a
primeira intervenção no início deste ano, desejando que façamos um trabalho
sério, onde prevaleça o interesse público e não o questionamento político
meramente eleitoreiro para desgastar, por ventura, o Executivo. E digo isso
porque creio que esta discussão está mal focada por alguns Vereadores.
Em
primeiro lugar, eu entendo este Projeto como uma adequação da Lei vigente aos
novos tempos. Quem sabe, Ver. Wilton Araújo, em outros tempos, quando não
havia essa preocupação da cidadania
pelos animais, onde essa visão mais holística de que o homem, o animal, o meio
ambiente, a fauna, a flora são um todo que deve ser preservado, talvez se
justificasse aquele parágrafo dizendo que o cidadão que quisesse se desfazer do
animal, ou seja, que não tivesse uma visão responsável pelo seu animal de
estimação, poderia entregá-lo ao Poder Público. Mas vivemos, Ver. Pedro Américo
Leal, um novo tempo, onde é preciso que a sociedade civil também assuma a
responsabilidade. Ou será que é responsabilidade do cidadão ter o animal de
estimação durante um tempo e, quando o animal está velho ou quando ele estiver
aborrecido do animal, ele não tem mais nenhuma responsabilidade? Ele não tem
mais nada a ver com esse animal e daí entrega para o Poder Público?! Isso não é
correto! É preciso que o cidadão assuma a responsabilidade dos animais que tem.
E é esse o sentido. Se em outro tempo essa responsabilidade, essa compreensão não existia, hoje existe! E é
preciso que o Poder Público, portanto, tenha a sua responsabilidade, e o terá
com os animais que forem abandonados por cidadãos inconscientes, mas que também
cada cidadão assuma a responsabilidade.
Ver.
João Dib, quanto às suas observações aqui colocadas, eu gostaria de lembrar,
primeiro, que a Cidade de Porto Alegre, durante a gestão da Frente Popular, já
recebeu por duas vezes o Prêmio Prefeito Criança da Abrinq pelo seu trabalho
com as crianças, Ver. Dib! Será que V. Exª desconhece isso? Segundo, Porto
Alegre foi a primeira cidade no Brasil a criar os Conselhos Tutelares e
instituí-los! Será que V. Exª desconhece isso? Terceiro, se, em 1988 - o último
ano que antecedia -, existia zero creches comunitárias, em 2003, já eram 126,
com 8.830 crianças! O combate à fome, que é um Projeto nacional, já reconhecido
internacionalmente, em Porto Alegre será direcionado às crianças com
subnutrição. Como dizer, portanto, que a Cidade de Porto Alegre, que a Frente
Popular não dá atenção às crianças?!
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu faço duas perguntas a Vossa Excelência: quem é o
Presidente da Abrinq? Vossa Excelência
pode me dizer quantas crianças a menos têm nas ruas desde o dia 02 de janeiro
de 2001?
O SR. RAUL CARRION: Vou concluir o meu raciocínio, que é o
mais importante, Vereador. Escolas da rede pública, em 1989, eram 29 escolas,
hoje são 92! Em 1989, eram 17.800 crianças, hoje são 55.700, Ver. Zé Valdir, e
não há atenção com as crianças desta Cidade?! O trabalho da SME, na parte esportiva;
o trabalho da FASC. Então, eu acho que alguns pensam que enfrentar o problema
das crianças abandonadas nas ruas é limpar as ruas, quem sabe é eliminar as
crianças! Não é isso, é dar um tratamento adequado.
Concluo,
dizendo ao Ver. Pedro Américo Leal: Vereador, há um ano, este Projeto tramita
na Casa, foi examinado por três Comissões Especiais, esteve na Pauta por três
Sessões! Se algum Vereador ainda não conhece o Projeto ou ainda não tem
condições de votar, a culpa não é do Executivo, a culpa é desse Vereador.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, eu
tenho, de uns tempos para cá, manifestado publicamente as minhas divergências
com o Ver. João Antonio Dib, mas o
discurso mais sensível de todos esses que passaram desapiedadamente nesta Casa
foi o seu discurso, essa insensatez de se discutir nesta Casa e dar guarida a
um Processo que, no máximo, deve passar por um acordo de Lideranças e ser
votado em cinco minutos, e não perdermos uma tarde inteira, quando o Brasil
está numa convulsão institucional gravíssima.
Hoje,
o Presidente do Supremo, a Suprema Magistratura brasileira do Judiciário,
disse, com todas as letras, que o Ministro José Dirceu só tem um caminho:
afastar-se do cargo, para permitir que seja feita a devida avaliação policial,
judiciária e investigativa da barbaridade que foi dita para todo o Brasil. Com
essa convulsão imensa, nós estamos discutindo o futuro dos cachorros, dos
animais e numa estratégia de que todos os Vereadores ocupem esta tribuna apenas
para falar de um Projeto que pode até ter importância, mas que não tem a
importância diante das questões nacionais hoje repercutidas em todas as cidades
do Brasil, em toda a Nação, com uma preocupação nacional, um País que nunca viu
uma recessão igual a esta.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Ver. Sebenelo, atenha-se ao
Projeto em discussão.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Em vez de discutirmos exatamente a
respeito dessas questões que serão impedidas de serem faladas aqui, porque
todos os Vereadores vão até às 18 horas falando no assunto, nós estamos
discutindo um Projeto que, no máximo, deveria ocupar alguns minutos do Plenário,
e, depois, então, passaríamos para a discussão política, que hoje é definitiva,
hoje ela é importante, porque este Projeto é apenas uma forma encontrada para
se desviar a rota do raciocínio político do Brasil. Este Projeto é feito apenas
como uma manobra diversionista dessas questões todas. Essa é a grande verdade,
isso tem de ser dito publicamente.
Ora,
dizer que Porto Alegre recebeu por dois anos o Prêmio Abrinq, mas sabem quem é
que julga o Prêmio Abrinq e dá o Prêmio Abrinq? É o Assessor do Lula, do
Presidente da República, o Oded Grajew; isso se chama, em futebol, jogada
ensaiada. Agora, ninguém ouviu falar do Presidente do Juizado de Menores aqui,
o Juiz que disse que 75% da assistência aos menores é feita pelas organizações
não-governamentais e que, quando é feita pela Prefeitura, é, no mínimo,
vergonhosa, porque as crianças são jogadas em condições absolutamente de
lotação esgotada e principalmente de promiscuidade nas instalações destinadas
pela Prefeitura, dos próprios da Prefeitura, para essas crianças. Isso é
denúncia do Juiz de Menores de Porto Alegre, sabe onde ele denunciou? Aqui,
nesta Casa. Ele veio aqui e teve a coragem de denunciar, veio dizer que nós
tínhamos um Prêmio Abrinq. É a forma petista de governar, é a forma petista de
mentir, é a forma petista de disfarçar e de ter manobras diversionistas, para
que hoje ninguém fale de uma das maiores crises da República Brasileira de toda
sua história.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra
para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Srª Presidente, Ver.ª Margarete Moraes;
Srs. Vereadores e Sras Vereadoras.
O Sr. Darci Campani: V. Exª permite um aparte?
O SR. ALDACIR OLIBONI: Antes de entrar no meu argumento, dou um
aparte ao nobre Ver. Darci Campani.
O Sr. Darci Campani: Aproveitando o espaço que V. Exª está me
dando, eu gostaria de informar ao Ver. Pedro Américo Leal que não existe
manobra nenhuma. Os projetos vêm para a Ordem do Dia segundo o Regimento Interno
da Câmara, não há objetivo nenhum do Executivo, agora, aqui, fazer qualquer
outro movimento, é simplesmente a ordem estabelecida pelo Regimento Interno.
Então, não há nenhum outro objetivo maior.
Estamos
falando sobre este Projeto que está em votação, respondendo a intervenção que o
Ver. Pedro Américo Leal acabou de fazer; quem estava prestando atenção na
Sessão deve saber disso. E queria cobrar coerência dos Vereadores que vêm aqui
dizer que estamos perdendo tempo, escondendo debaixo do pano as coisas
principais do País, mas que usam os seus cinco minutos para discutir. É uma
falta de coerência total isso, vêm aqui dizer que não é para discutir, mas os
seus cinco minutos são usados para discutir, podiam usar dez segundos para
fazer isso, não precisavam usar os cinco minutos.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Socializo aqui a mesma opinião, nobre
Vereador.
A Srª Maria Celeste: V. Exª permite um aparte?
O SR. ALDACIR OLIBONI: Cedo também um aparte à Ver.ª Maria
Celeste.
A Srª Maria Celeste: Obrigado, Ver. Aldacir Oliboni, só para
um esclarecimento sobre o Prêmio Abrinq que foi citado na tribuna. Realmente,
Porto Alegre ganhou por duas vezes esse Prêmio na questão da infância, mas só
uma correção: foi durante o Governo Fernando Henrique Cardoso, não foi agora no
Governo Lula, não há bate-bola; isso está registrado, só para responder, assim
como o Vereador saiu da Pauta.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Vejam bem, nobres Vereadores e
Vereadoras, o Ver. Cláudio Sebenelo não consegue entender que, realmente, o que
está na Pauta é o Projeto. Ele realmente fugiu da Pauta e criou aqui uma
possibilidade de ter a resposta para aquilo que ele aqui falou. É evidente que
este espaço é destinado para discutir projetos, e, para Tempo de Liderança,
obviamente, V. Exª terá a possibilidade de levantar aqui as questões nacionais,
das quais nós discordamos, daquilo que aqui foi colocado veementemente.
Eu
queria dizer que os Vereadores têm de se posicionar neste Projeto dos animais,
se somos favoráveis à eutanásia ou à esterilização. No Projeto de Lei aqui
apresentado, Ver. Pedro Américo Leal, tem fundamental importância a sua
colocação, de que este Projeto deve ser amadurecido, mais debatido e que pode
ser votado amanhã. A idéia que o Governo Municipal traz para nós, não só para
discutirmos e votarmos, é de ele não condena que as pessoas tenham o seu animal
de estimação, que as pessoas não possam sair com o seu animal nas ruas da
Cidade. Afinal de contas, nós percebemos que a tendência do número de
cachorros, de gatos, enfim, de animais, é aumentar. E quantos não percebem no
seu dia-a-dia, até mesmo nos conjuntos residenciais, quantas pessoas não têm
esses animais nos seus apartamentos e obedecem às regras dos condomínios, isto
é, ao saírem com animais a passear, têm as suas regras definidas e as suas leis
municipais para serem obedecidas. O que se expõe aqui é que o canil, que hoje
nós temos na Lomba do Pinheiro, não suporta mais a demanda, por quê? Porque
grande parte das pessoas que hoje possui animais chega em um determinado tempo
em que não querem mais esses animais, eles querem doar os animais, ninguém quer
mais os animais. E cabe ao Poder Público, então, ter esses animais, mas o canil
não suporta mais. São tantas doações que, após dez dias, se não procurados, se
não é feita a doação, é provocada a idéia da eutanásia, são eliminados, são
mortos. Então, é evidente que com muitos animais, ainda com muita saúde, não
poderia acontecer isso. Poderiam ser disponibilizados mais para a população,
mas um grande número não quer esses animais.
Então
a discussão é pertinente, sim, e tenho a certeza de que os nobres Vereadores
vão ajudar o Poder Executivo a encontrar uma saída, porque não podemos
condenar, sem dúvida, todos aqueles que têm a maior estimação pelos animais;
inclusive inúmeras entidades, associações e ONGs, hoje, lutam muito pela defesa
dos animais, e que eles tenham todos os seus méritos e as nossas considerações.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para
discutir o PLCE nº 002/03, por cedência de tempo da Ver.ª Margarete Moraes.
O SR. ZÉ VALDIR: Srª Presidente, Srs. Vereadores e
Vereadoras, o Ver. Sebenelo gastou cinco minutos para dizer que não se deve
gastar tempo para discutir este Projeto e sobre o Projeto discutiu só um
pouquinho, no final, sobre o Projeto em si. Falou da conjuntura nacional,
depois se irritou quando a gente corrigiu as informações, por intermédio da
Ver.ª Maria Celeste, informações inclusive erradas, que ele colocou na tribuna.
Mas
eu vou me ater ao Projeto em discussão. Eu acho que este Projeto vale, sim, ser
objeto de discussão por uma tarde inteira, devemos discuti-lo muito, porque
esta questão que nós estamos discutindo hoje é, na verdade, uma nova visão de
sociedade que estamos a debater aqui. Qual é essa nova visão de sociedade? É
uma visão de uma sociedade, como mencionou o Ver. Carrion, mais holística, mais
humanista, que procura um ponto de equilíbrio entre a responsabilização do
Estado, do Poder Público e da responsabilidade da sociedade. Por que eu digo
isso? Porque nós estamos tirando o parágrafo 1º do art. 145 da Lei, que
exatamente estabelecia uma desobrigação da sociedade, porque dizia que os
proprietários dos animais, quando não os quisessem mais, poderiam entregá-los ao
Poder Público. Muito simples, inclusive com um incentivo à irresponsabilidade -
ajuda-me o Ver. Carrion.
E
vejam que, por trás disso, estão conceitos muito complicados e muito
importantes que nós temos de debater, porque, por trás disso, está o velho conceito
do higienismo social, que muitos defendem quando falam que há que se limpar as
ruas. Tirar as crianças da rua já é uma expressão totalmente comprometida com
essa visão do higienismo social. É aquela idéia de que, se existe um
determinado problema social, há que se encarregar o Poder Público de retirá-lo,
seja limpar as ruas, seja de crianças, seja de cachorros, e o que o Poder
Público fizer não interessa, o importante é que o problema não apareça para a
sociedade, Ver. Beto Moesch.
Pois
eu acho que esse problema tem mais é de aparecer para a sociedade, a sociedade
tem de assumir também, junto com o Poder Público, a solução desse problema,
pois é um problema muito sério, e quem mora na periferia, eu dizia há pouco...
Agora, lá na Vila Nova Gleba, há um cachorro de raça que,
porque ficou velho, foi abandonado pelos donos! Possivelmente, o animal nem
seja dali da Vila, isso está acontecendo todos os dias na periferia. Os
cachorros são abandonados numa total atitude de irresponsabilidade por parte de
seus donos, numa visão de higienismo social: “Tiro o problema da minha casa,
coloco-o na porta do vizinho, entrego-o para o Poder Público e não interessa
mais”.
Essa
questão também serve para a gente identificar os falsos liberais; os liberais
sempre são contra a estatização, sempre acham que o Estado é maior do que
deveria, é megalomaníaco, que o Estado não tem de interferir! Sempre acham
isso! Mas, quando se trata desses problemas e de se responsabilizar a
sociedade, ou de se responsabilizar determinado segmento ou os empresários, aí
a solução do problema tem de ser estatizada, há que se entregar para o Estado a
solução do problema.
Vejam
que quem diz que esse assunto de hoje não vale cinco minutos de discussão está
equivocado, exatamente porque não quer debater essas questões de fundo, não
quer debater essa visão tacanha, ultrapassada, de higienismo social e não quer
debater essa visão liberal, que, ao contrário, é liberal para algumas coisas,
mas, para esse tipo de problema, querem apenas estatizar a solução do problema
e desresponsabilizar a sociedade.
Vejam como é importante este debate! Claro que o debate, às
vezes, não é importante para aquelas pessoas que querem debater o problema de
forma superficial, apenas na base de fazer panfletagem aqui na discussão, de
fazer uma discussão panfletária, uma discussão irresponsável... para esses,
claro que o debate não interessa, um debate como este não diz mais nada do que
as aparências. Mas o problema aqui, na Câmara, é que nós temos de ir além das
aparências, temos de discutir, sim, um tema que, às vezes, parece ser muito
pequeno, um tema muito simples, mas que, por trás dele, se escondem conceitos
da maior importância que nós temos de debater. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): A Mesa registra a presença do Ver.
Altemir Luft, Vereador do PTB de São Martinho; do Ver. Rodnei Pacheco, do
Partido Progressista de Entre-Ijuís; do Ver. Cláudio Borges Arruê, do PDT de
Dom Pedrito.
O
Ver. Carlos Pestana está com a palavra para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. CARLOS PESTANA: Srª Presidenta Margarete Moraes,
Vereadores e Vereadoras desta Casa, este Projeto de origem do Executivo procura
regulamentar situações envolvendo os
animais, ele teve, no seu debate, nas Comissões, a contribuição de diversos
Parlamentares da Oposição, no sentido de aperfeiçoá-lo para que também crie
para o particular responsabilidades sobre o trato, o cuidado do animal. Temos
uma Emenda do Ver. Beto Moesch que procura trabalhar a questão da educação, que
é o elemento fundamental desse processo; que as pessoas sejam educadas também
para que, junto com o Estado, junto com o Município, assumam a responsabilidade
na questão do trato dos animais.
Este
é um Projeto que, a nosso juízo, aparentemente - até pelas conversas que
tivemos com o conjunto das Lideranças no momento em que definimos a pauta desta
Sessão nesta Casa no dia de hoje -, era de um debate tranqüilo, e havia, sim,
já que é um Projeto que tramita há algum tempo, um acordo para que fosse
aprovado. Para a nossa surpresa, um conjunto de Parlamentares, de Vereadores
desta Casa, levantou uma série de dúvidas, dando a impressão de que o Executivo
estaria se desresponsabilizando sobre essa questão do cuidado dos animais, o
que não é verdade. O que estamos procurando aqui é trabalhar e construir o
exercício da cidadania, ou seja, que o cidadão, não só o Poder Público, mas os
cidadãos também sejam responsáveis pelo cuidado e pelo trato dos animais.
Então,
esse é o objetivo deste Projeto, que foi compreendido por uma parcela, mas,
infelizmente, um conjunto de Vereadores aqui, de forma e juízo equivocados,
estão passando a idéia, eu tenho a impressão, de que o Executivo estaria
desresponsabilizando-se sobre esta matéria. O Município tem responsabilidade,
vai continuar com essa responsabilidade, e o que está se trabalhando é a
construção, junto com a cidadania, dessa tarefa, desse desafio. Acho que, sim,
num segundo momento, vai ser de responsabilidade do Executivo, em particular da
Secretaria de Saúde, uma campanha informativa que venha esclarecer, que venha
conscientizar as pessoas de participar desse esforço junto com o Poder
Executivo.
Acho
que, talvez, a gente devesse estabelecer aqui a possibilidade, inclusive, se
não há um acordo - há uma sugestão do Ver. Beto Moesch de eventualmente
analisar o adiamento desta votação... Então, a questão que eu coloco para a
Oposição, para que a gente possa, antes da votação... Até porque eu acho que,
aparentemente, é um Projeto relativamente simples e creio que alguns esclarecimentos
certamente vão convencer o conjunto desta Casa sobre a importância e o
significado desta matéria. Então, pediria... E aí me dirijo ao Ver. Wilton
Araújo, que, até onde eu sei, representa o conjunto das Oposições, sobre a
nossa possibilidade de trabalhar, eventualmente, o adiamento da votação deste
Projeto, já que, com algumas informações, certamente, a gente vá conseguir
aqui, se não o consenso, uma ampla maioria dos Vereadores desta Casa.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para discutir o PLCE nº 002/03.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, insigne Ver.ª Margarete
Moraes; colegas Vereadores e colegas Vereadoras, primeiramente, nós vamos votar
a mudança do Regimento, Ver. Wilton Araújo, e uma coisa eu tenho absoluta
certeza: muitas coisas têm de ser mudadas. Por exemplo, os Projetos do
Executivo não precisam de desarquivamento, por isso nós temos uma pauta agora
só com Projeto do Executivo. Os Projetos dos Vereadores têm de passar por essa burrocracia, a ponto de nós termos que
pedir o desarquivamento. Temos de acabar com isso, Presidenta! Tem de
terminar, arquiva-se no fim de cada
Legislatura.
Ora,
eu penso que, quando se começa um debate, Ver. Isaac Ainhorn, é difícil, no primeiro
dia, votar-se o projeto, por mais simples que seja. Tem de haver uma discussão
maior, isso é da essência do Parlamento. Eu quero encaminhar nessa direção,
Ver. Beto Moesch, eu penso que nós não podemos votar isso agora, neste momento.
Eu
li o Projeto e gostaria de obter algumas respostas. Os animais indesejáveis,
até então, são destinados ao Canil Público. Bom, suprime-se isso da Lei
original. Para onde vão esses animais? Essas entidades estão devidamente
divulgadas para a população? Quais são elas? A população é sabedora disso? Eu
vi uma Emenda de V. Exª, Ver. Beto Moesch, que deve dar divulgação a essa
questão. Pois bem, o Poder Público diz que não é mais com ele. Então, sobra
para as entidades de defesa de proteção aos animais. Mas que entidades são
essas? Elas trabalham noite e dia? São de fácil acesso?
O Sr. Beto Moesch: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Sebastião Melo, em primeiro lugar, V. Exª tem toda a razão, é
muito melhor nós votarmos um projeto do qual todos os Vereadores se apropriam
da matéria, como está acontecendo hoje, do que votar sem o conhecimento devido.
Portanto, o Parlamento está de parabéns, porque todos os Vereadores estão
atentos a um Projeto que altera o Código de Posturas da Cidade de Porto Alegre.
Esse é o primeiro ponto.
A
idéia é a seguinte, Ver. Sebastião Melo: se eu sou proprietário de um animal -
é importante, Ver. Isaac Ainhorn, este Projeto, sem sombra de dúvidas, V. Exª
vai entender ao se debruçar sobre esse assunto -, eu não posso simplesmente
devolvê-lo ou largá-lo e fazer com que o Poder Público se responsabilize por
algo que eu, como proprietário, adquiri, porque, quem vai pagar a alimentação,
a vacina desse animal é a sociedade. Então, o que se quer é que se dê
responsabilidade ao proprietário. O Centro de Zoonoses vai poder, sim, receber
o animal, mas com pagamento. O que a Lei diz, hoje, ao meu ver - numa época
entendível, mas hoje não mais, pela evolução desse entendimento da posse
responsável do animal -, é que o proprietário seja responsável e o Poder
Público não. O Poder Público vai continuar sendo responsável, Ver. Sebastião
Melo, pelos animais abandonados. Mas eu, por exemplo, não posso, como
proprietário, pegar o meu animal e dizer para a sociedade que não quero mais e
que a sociedade se responsabilize pelo animal. Então, o que se quer é a
responsabilização do proprietário. É por isso que a Secretaria Estadual de
Saúde está fazendo uma campanha educativa sobre isso, e nós queremos que a
Prefeitura também o faça. Desculpe-me a
demora, Ver. Sebastião Melo.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Extremamente oportuna, mas,
evidentemente, não podemos votar esta matéria agora. E a quantidade de
cachorros que tem esta Cidade que nem dono tem? Como nós vamos saber se esses
cachorros que foram soltos nas ruas têm dono? Eu não quero deixar de enfrentar
a matéria, mas, na verdade, eu queria estar enfrentando, aqui, a discussão da
CPI, mas parece que não quiseram discutir essa matéria. Já que não foi
discutida essa matéria, eu vou enfrentar o tema aqui colocado. Mas eu penso que
é oportuno o debate!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Nós queremos registrar e agradecer a
presença entre nós do Presidente da Câmara Municipal de Uruguaiana, Ver.
Francisco Renato Rodrigues, do PL.
Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que solicita o adiamento por duas Sessões da discussão do PLCE nº 002/03. O Ver. Darci Campani está com a palavra para encaminhar.
O SR. DARCI CAMPANI: Srª Presidente, demais Vereadores, nós tentamos
um acordo com o Ver. Pedro Américo Leal, e somos a favor do adiamento da
votação e não da discussão, tendo em vista que boa parte dos Vereadores já se
inscreveram, já discutiram. Então, a gente tem essa prática de, quando já
ocorreu a discussão, adiar a votação e não a discussão. E não vai dar muita
diferença, porque poucos Vereadores não se inscreveram aqui para fazer a
discussão, e aqueles que já se inscreveram para fazer a discussão, mesmo que
adiada, não vão poder se inscrever novamente, o que poderá tolher a
participação daqueles que chegaram cedo, hoje, aqui no plenário e que, por
terem chegado cedo, se inscreveram.
Eu
gostaria de esclarecer aos ouvintes da TVCâmara e à população aqui presente que
foi aberto o espaço de Liderança: todos os Partidos poderiam ter falado no
espaço de Liderança, ele é antes ou depois da Ordem do Dia, só que as
Lideranças não tinham chegado ao plenário ou não estavam prestando atenção na
Sessão. Nenhum Partido se inscreveu, apenas o companheiro Ver. Raul Carrion anunciou
que gostaria de usar o espaço de Liderança, e poderá usá-lo depois de terminada
a Ordem do Dia.
Nós
somos a favor para uma maior absorção do Projeto de Lei, que não é um Projeto
de Lei do Executivo... Os Vereadores nem sequer estavam aqui para prestar
atenção na intervenção - brilhante intervenção - do Ver. Beto Moesch, dizendo
que foi um Projeto de Lei construído com a sociedade, com a própria Câmara.
Esta Câmara tem uma Comissão que se reúne aqui, constantemente estou saindo da
Câmara e vejo representantes da Patram, representantes da Vigilância Sanitária
vindo para esta Câmara. Todos os meses, no mínimo, há uma reunião aqui, num
fórum que discute a política em relação à proteção dos animais, e o resultado
desse fórum foi exatamente este Projeto de Lei.
Então,
não vemos o porquê desse discurso descabido de que um Projeto de Lei que entrou
na Ordem do Dia pelo Regimento Interno - no ano passado tivemos condições de
votar uma alteração do Regimento Interno e não votamos... Então, entrou na
Ordem do Dia por questão de Regimento Interno e podemos aproveitar para
encerrar a discussão aqui e encaminharmos a votação para a próxima Sessão,
onde, mesmo assim, cada Partido terá cinco minutos para encaminhar, por
intermédio das suas Lideranças.
Encaminhamos
contrariamente o Requerimento do Ver. Pedro Américo Leal e aceitaríamos um
Requerimento para adiar a votação. Assim, Ver. Pedro Américo Leal, que me ouve
atentamente, os Vereadores que estavam aqui desde o início da Sessão e que já
se inscreveram ficam prejudicados, porque, adiando a discussão, aqueles que
chegaram cedo não poderão discutir na próxima Sessão, e ficará, talvez, o
processo viciado, só com um lado das intervenções. Nesse sentido, peço a
votação contrária ao Requerimento, e apresentamos o Requerimento de adiamento
da votação. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem):
Srª Presidenta, para uma
comunicação que julgo de relevância, visto que se trata de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito que já está instalada nesta Casa.
(Aparte
anti-regimental.)
Questão
de relevância na Ordem do Dia, o Regimento Interno permite. Acaba a
Desembargadora Matilde Chabar Maia...
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Juarez Pinheiro, nós estamos em
processo de votação. Vossa Excelência não poderia fazê-lo depois?
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Srª Presidenta, o Regimento Interno
determina que questões de relevância podem suspender a Ordem do Dia. Eu pediria
até, Srª Presidenta, que V. Exª consultasse a Diretoria Legislativa, que poderia
lhe informar. Eu aguardaria, Srª Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Suspenderemos a Sessão por alguns
minutos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 16h20min.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes -
16h21min): Estão
reabertos os trabalhos. Segundo o art. 163 e orientação da Diretoria
Legislativa, apenas é possível receber Questão de Ordem pertinente à matéria em
debate, portanto vamos concluir a votação e depois faremos a Questão de Ordem.
Queremos
anunciar e agradecer a presença da Ver.ª Rosa Dorneles de Oliveira, do PMDB; do
Ver. Rogério Otávio Mai, do PP; do Ver. Silvio Antonio Baierle, todos do
Município de Segredo; do Ver. José Alberto Pinheiro Vieira, Presidente da
Câmara Municipal de São Luiz Gonzaga, do PP; do Ver. Carlinho Wagner, do PP, de
São Pedro do Butiá; do Ver. Jorge de Mattos Oliveira, do PP, do Município de
Caibaté e do Ver. Nelmo Schneider, do PFL, de São Pedro do Butiá.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o Requerimento de autoria do
Ver. Pedro Américo Leal, que solicita adiamento da discussão do PLCE nº 002/03
por duas Sessões.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, senhores visitantes, para nós é um prazer tê-los
aqui em nosso plenário.
Eu
acredito que aqueles Vereadores que estão dando importância mínima a esta
discussão estão equivocados. Nós estamos tratando aqui, hoje, neste plenário,
de uma matéria extremamente importante para a nossa Cidade. E, Ver. Pedro
Américo Leal, o assunto de que trata esta matéria várias vezes coloca em risco
a vida da nossa população ou, pelo menos, a integridade física de pessoas. São
os cães abandonados, são os cavalos muitas vezes soltos em avenidas de grande
movimento. E, simplesmente, o que acontece, Ver. Haroldo de Souza? É que o
Município quer, retirando o parágrafo 1º do art. 145 desta legislação, se
eximir completamente de responsabilidades com os animais que estão abandonados.
Como
eu disse para o Ver. Beto Moesch - é um argumento que repito aqui desta tribuna
-, imaginem um cidadão que tenha dificuldades de alimentar até mesmo a sua
própria família e, de repente, resolva como salvação: "Vou-me desfazer do
meu cachorro, porque não agüento mais." Ora, esse cachorro vai para a rua,
e quem é que fica responsável por ele? Porque estamos tirando o único vínculo
de responsabilidade que o Município tem com esses animais abandonados. Isso não
pode acontecer!
Eu
não acredito, Ver. Pedro Américo Leal, que possa haver uma Emenda salvadora,
que algum Vereador mais iluminado ofereça uma Emenda que possa nos dar uma
direção para a aprovação do Projeto. Eu acho que nós não podemos, Ver.
Sebastião Melo, adiar, lá como quis o Ver. Darci Campani, a votação, porque as
emendas não cabem mais. Nós temos é de exatamente aceitar o Requerimento de V.
Exª e adiar o processo de discussão. Temos de, agora, fazer esse adiamento e
acho que temos de adiar. Eu não sei quantas Sessões estão sendo pedidas,
Vereador, duas Sessões? Eu acho que se precisar pedir mais duas e mais
duas...temos é de ter um tempo suficiente para realmente produzirmos ou as
emendas necessárias ou, então, chegarmos à conclusão de que não temos realmente
outro remédio a não ser votar contrariamente este Projeto de Lei.
Eu
acredito que é bom para este Plenário, agora, votar o Requerimento, tal qual
ele está, pedindo o adiamento. Se fosse fazer o Requerimento, eu pediria o
adiamento por cinco Sessões, mas o Ver. Pedro Américo Leal, que produziu o
Requerimento, está pedindo o adiamento por duas Sessões. E acho que isso é
válido, acho que realmente não prejudica em nada. Se precisarmos pedir mais
três Sessões, nós temos liberdade para que isso aconteça no momento propício.
Então, eu acho que cabe a este Plenário, Ver. Beto Moesch, realmente, adiar.
E
quem sabe, Ver. Beto Moesch - V. Exª, que é um dos Vereadores mais
comprometidos com essa luta do meio ambiente, entre todos nós, Vereadores aqui,
muito embora todos nós tenhamos compromisso com o meio ambiente, mas V. Exª já
tem, realmente, um passado todo de luta dentro dessa área -, surge aí uma idéia
inovadora que possa salvar. Eu acho que nem mesmo a sua Emenda, da forma como
ela está redigida, consegue salvar o Projeto, dando para nós e para a sociedade
no geral as garantias de que os animais poderão realmente ser bem tratados,
poderão ser acolhidos pelo restante da sociedade ou que as pessoas sejam
responsabilizadas, da forma como já foi discutido aqui nesta tribuna. Acredito
que só nos resta como medida saneadora, neste momento, adiar, para que possamos
vir aqui com idéias definidas nas próximas Sessões. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Pedro Américo Leal.
O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, eu acho que,
em qualquer projeto em que se apresentem algumas dúvidas, alguns
questionamentos, a medida da cautela e da prudência de adiamento é uma
providência recomendável.
Vejam
que este pedido de adiamento parte de um Vereador extremamente combativo, um
Vereador que tem posições muito claras, definidas aqui na Casa, que é o Ver.
Pedro Américo Leal. Se, dos 33 Vereadores, um único Vereador tivesse em dúvida
sobre um Projeto - e ele ainda não fosse, como está sendo, objeto de um enfoque
mais abrangente -, nós, por sensibilidade, para amadurecimento da questão,
desde que ele não trouxesse prejuízo, deveríamos adiá-lo, Ver. Luiz Braz,
mormente porque nenhum prejuízo vai causar à Cidade, ao Legislativo, ao
Município, à comunidade, aos munícipes como um todo; ao contrário,
proporcionará um aprofundamento da questão. E, vez por outra, sempre aparece um
salvador da Pátria, que se assume
como um corregedor, querendo pautar atividades de Parlamentares que chegaram na
hora para discutir, para debater, e que teriam de ter passado, naquele momento,
por um debate.
A
Casa Legislativa é extremamente dinâmica. Agora mesmo, nós estamos com um
Projeto importante, o qual já tramita aqui na Casa desde 2001 e encontra-se na
Ordem do Dia, que é o Projeto de Alterações no Código de Limpeza Urbana. Mesmo
assim, é uma matéria que ainda vai exigir alguns debates e discussões no âmbito
da Casa, proporcionando, no mínimo, um grande volume de emendas, porque, embora
este Projeto esteja na Ordem do Dia, ainda se permite a apresentação, por parte
das Lideranças partidárias, de emendas. É da natureza das Casas Legislativas
esse processo de amadurecimento.
Quando
um Vereador, como é o caso do Ver. Pedro Américo Leal, pretende o adiamento de
discussão por duas Sessões, eu acho que nós não podemos tirar a possibilidade
desse Vereador de refletir por duas Sessões Legislativas, já que prejuízos não ocorrerão no curso desse
processo, a menos que, numa jogada rápida, um Vereador, de repente, diga, o que
é natural, também: “Neste momento, eu estou com maioria para aprovar o Projeto
dessa forma.”, como fazem as maiorias articuladas no Congresso Nacional. Agora
mesmo, nós vemos essa patrulha do Congresso Nacional, esse patrulhismo do PT,
que tem uma maioria folgada e faz o que quer. Tem 375 Parlamentares. Numa
determinada feita, o atual Presidente da República os menosprezou de forma
impessoal, não nominalizando. Eu acho que merece uma avaliação de maior
profundidade. Nós vivemos numa época muito delicada. Agora mesmo, estamos
vivendo uma situação nacional extremamente tensa em função dos acontecimentos
nacionais que aí estão.
Portanto,
a avaliação de um Projeto dessa natureza, simples, cujo adiamento da discussão
por duas Sessões não vai representar nenhuma conseqüência mais grave, deveria,
no mínimo, em respeito ao autor - o nosso decano, se não em tempo de mandato,
mas se somarmos os tempos de mandato também seria um decano -, o nosso
respeitável Ver. Pedro Américo Leal, ser dado sem comentários, ab latere, até em respeito ao colega.
Portanto, a Bancada do PDT encaminha, Srª Presidente, favoravelmente ao
adiamento solicitado pelo Ver. Pedro Américo Leal.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para encaminhar o Requerimento de sua autoria que solicita o adiamento,
por duas Sessões, da discussão do PLCE nº 002/03.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exma Srª Presidenta, Srs. Vereadores, estou com este calhamaço que
pretende resumir toda a essência deste Projeto. E, neste calhamaço, vejo aqui o
Parecer, da COSMAM, do Exmo Sr. Ver. Beto Moesch - muito bem feito.
Gostei deste Parecer, em certo momento, ele diz uma verdade: temos nos furtado
de assumir a proximidade com o cão. A criatura humana mostra um medo, um
ressentimento, em se aproximar do cão. Ele, que é tão amigo nosso. O
companheiro fiel de toda a humanidade.
Vejam,
não existe um sobrenome - dizia eu no microfone dos apartes - que perpetue a
colocação de alguém se intitulando “Fulano de Tal Cão”, “Fulano de Tal
Cachorro”. Existem sobrenomes Tigre, Leitão, existe Leão, até Cobra - apareceu
uma Deputada de sobrenome Cobra -, e, no entanto, ninguém teve a preocupação -
parece haver uma resistência, uma hostilidade -, de admitir que o cão é o nosso
grande amigo.
É
preciso que em retribuição cuidemos de tudo o que se passa com o cão, com o
cachorro, com amor. Afinal de contas, eles procriam, cruzam à vontade nas ruas;
nos incomodam, mas são nossos amigos. Por que vamos negar isso? Até um poeta já
dizia: “Pela estrada da vida, subi morros, desfiladeiros e afinal vos digo: se
entre amigos encontrei cachorros, entre cachorros encontrei amigos”. Todos nós
reverenciamos o cão. Por que então não estudarmos a matéria com mais vagar?
Dou
parabéns ao PT, que desapareceu deste plenário, pelo que ele obteve. Ele
conseguiu. Foi uma manobra, não sei por quem capitaneada - suponho que tenha
sido pelo Exmo Ver. Juarez, que é o grande arquiteto dessas grandes
idéias -, propositadamente esvaziou o plenário. Manteve o Plenário em ebulição,
até mexeu comigo, que me convulsionei. Mas conseguiu seu objetivo: furtou-se ao
debate sobre Waldomiro Diniz. Eles conseguiram hoje - foi uma diversão
estratégica - fazer o Plenário se voltar para o assunto que estamos cuidando.
Esvaziou o assunto que poderia vir a debate hoje, nas vésperas do carnaval,
quando a própria CPI vai esmorecer, vai baquear em Brasília; eles também
baquearam. Parabéns PT! Conseguiram! O PT, que desapareceu do plenário,
conseguiu o seu objetivo, conseguiu se engalfinhar com os Partidos de Oposição
aqui no Estado, mas se furtou a debater o que temia, é esse problema nacional.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Ver. Pedro Américo Leal,
atenha-se ao tema do seu Requerimento.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Pois não, mas é uma decorrência, não é?
Por que eles fizeram isso? Há sempre uma explicação. Parabéns PT! Conseguiram!
(Revisto
pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação nominal, solicitada pelo Ver.
João Antonio Dib, o Requerimento de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que
solicita o adiamento por duas Sessões da discussão do PLCE nº 002/03. (Após a apuração nominal.) Treze votos SIM. Votação nula.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidente, no momento em que se
levantam dúvidas a respeito da presença de Vereadores neste Plenário, eu gostaria
que V. Exª nominasse os Vereadores presentes, por favor.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Presidenta, nesse sentido... Uma vez que
o meu painel não funciona.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Vereadores presentes: Ver. Ervino Besson,
Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Haroldo de Souza, Ver. Sebastião Melo, Ver. Beto
Moesch, Ver. João Antonio Dib, Ver. João Carlos Nedel, Ver. Pedro Américo Leal,
Ver. Wilton Araújo, Ver. Cláudio Sebenelo, Ver. Luiz Braz, Ver. Cassiá Carpes,
Ver. Elói Guimarães, Ver. Dr. Goulart e esta Presidenta.
Portanto,
14 Vereadores, não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 16h41min.)
* * * * *